abril 19, 2009
imóvel
Ficou ali, à beira rio, contemplando a sua solidão reflectida sem pudor, nem consideração. Por mais voltas que desse, voltava sempre ali, àquele estado de espírito, sentindo-se esmagada pelas voltas que a vida lhe dava. Cruzou o casaco, e os braços um pouco mais, numa tentativa dupla de evitar o frio e de se abraçar. Mentalmente pronunciava uma ladainha que parecia ajudá-la. Ficou assim minutos, que se transformaram em horas. Catatónica. Imóvel. Ocasionalmente uma lágrima descia até aos seus lábios, até ao pescoço, secando por si. A dor ultrapassava os seus contornos e apenas manter-se imóvel parecia ajudar.
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