junho 04, 2007

solidão

Uma solidão desmedida que ultrapassa os meus limites. O peso da minha imensa impotência, o apagar da minha garra. Uma ladainha, que mais parece oração. E esta dor lambida, dormente, desfiando a minha alma em farrapos esvoaçantes.

junho 01, 2007

telefone

Olhou para o telefone. A ânsia de ligar mostrou-se mais uma vez. Deu meia volta e apresentou a si mesmo uma lista de razões para não o fazer.

Mas o sentimento trepou por si e antes de a razão tomar consciência, a sua mão erguia o auscultador. A saudade, a saudade teimava, queimava.

O seu dedo marcou o início do número familiar. Pausa. Milésimos de segundo e a mente venceu a vontade. Afastou-se. Tentou esquecer.

No meio do monólogo silencioso, tomou consciência que o ontem não se prolongava no hoje e que a intimidade de outra hora estava perdida. O futuro conjugava-se agora no singular.

O telefone repousava inerte e indiferente à sua dor.