Resmungou com o barulho sem se aperceber que tinha batido com a porta do carro. Pensou "esta gente é mesmo bruta" seguindo em direcção ao rio.
Era um daqueles dias em que nem o sol, nem o nevoeiro tinham dado as suas graças. Não tinha magia. E estava portanto de acordo com o seu estado de espírito.
Caminhou com a cara de poucos amigos. Expressão dura qb, que não assustando as crianças que passavam, as impedia de sorrir para ele.
Os óculos escuros ocultavam-lhe os olhos, mas a expressão corporal denunciava o estado de espírito a quem passava. Deu um pontapé num pedra que repousava incauta no chão. E por pouco não se desviava de um cão, também ele de aspecto descontente e de certo com queixas da vida.
Foi até onde podia ir. Tinha de gastar o desassossego e apagar as rugas de expressão que lhe compunham o rosto.
Ligou do seu telemóvel debitando palavras para o lado de lá. Gritando para além da sua percepção.
Passado um bocado. Um bom bocado, regressou ao carro.
Antes de ligar o motor, respirou fundo, ganhou consciência e pensou "às vezes sou uma besta".
Do lado de lá, o som de sms: "desculpa".
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