março 02, 2007

Azul

Para trás ficavam os pés marcados na areia ainda molhada. À sua frente o mundo a perder de vista e um azul que se entranhava na pele e se tornava extensão dos seus olhos. O mar ia e voltava e nos seus percursos tocava-lhe os pés; a água estava fria mas isso era-lhe indiferente.

Apenas a imensidão do azul o tocava. E o vento que apesar de forte e em sentido contrário ao seu, lhe acalmava a inquietação. Continuou, cada vez mais depressa, agradecendo a cada passo o facto do horizonte se multiplicar e o azul continuar lá.

Ia vencer aquela dor, ia matá-la de exaustão. Enquanto não parasse não tinha princípio nem fim. Enquanto continuasse podia libertar-se do emaranhado de coisas que o esmagavam.

Fez questão de respirar. Profundamente. Em coordenação perfeita com o seu passo corrido. Queria perder os seus limites, misturar-se com o ar, tornar-se azul…

As pegadas ficavam cada vez mais profundas. O cansaço, esse não vinha. A necessidade era continuar.

Lá atrás o mar apagava o seu rasto, como um amigo que o acompanhava em silêncio.

4 comentários:

Nuno Guronsan disse...

Le grand bleu...
Eu também não lhe consigo resistir. E a sua companhia nunca me desilude. E a música das suas ondas nunca chega realmente a quebrar o silêncio. Apenas o torna mais macio, mais confortável.

Abraço.

AR disse...

Nuno guronsan,

sim há sons que complementam o "silêncio", não o quebram. E o azul dá-nos um pouco de infinito.

obrigada pela visita. Até à próxima.

Shhh disse...

"Enquanto houver estrada para caminhar, a gente vai andar..."

Pois bem, assim somos nós percorrendo a estrada da vida, crescendo com as nossas escolhas do que é ser certo ou errado. Assim, buscamos o infinito e tentamos ser melhores do que fomos ontem... Haja sempre vontade de caminhar.

Maiii nada!

Beijo

AR disse...

Shhh,

Vontade de caminhar e terra até mais não, para darmos os nossos passos.

:)