Para trás ficavam os pés marcados na areia ainda molhada. À sua frente o mundo a perder de vista e um azul que se entranhava na pele e se tornava extensão dos seus olhos. O mar ia e voltava e nos seus percursos tocava-lhe os pés; a água estava fria mas isso era-lhe indiferente.
Apenas a imensidão do azul o tocava. E o vento que apesar de forte e em sentido contrário ao seu, lhe acalmava a inquietação. Continuou, cada vez mais depressa, agradecendo a cada passo o facto do horizonte se multiplicar e o azul continuar lá.
Ia vencer aquela dor, ia matá-la de exaustão. Enquanto não parasse não tinha princípio nem fim. Enquanto continuasse podia libertar-se do emaranhado de coisas que o esmagavam.
Fez questão de respirar. Profundamente. Em coordenação perfeita com o seu passo corrido. Queria perder os seus limites, misturar-se com o ar, tornar-se azul…
As pegadas ficavam cada vez mais profundas. O cansaço, esse não vinha. A necessidade era continuar.
Lá atrás o mar apagava o seu rasto, como um amigo que o acompanhava em silêncio.
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4 comentários:
Le grand bleu...
Eu também não lhe consigo resistir. E a sua companhia nunca me desilude. E a música das suas ondas nunca chega realmente a quebrar o silêncio. Apenas o torna mais macio, mais confortável.
Abraço.
Nuno guronsan,
sim há sons que complementam o "silêncio", não o quebram. E o azul dá-nos um pouco de infinito.
obrigada pela visita. Até à próxima.
"Enquanto houver estrada para caminhar, a gente vai andar..."
Pois bem, assim somos nós percorrendo a estrada da vida, crescendo com as nossas escolhas do que é ser certo ou errado. Assim, buscamos o infinito e tentamos ser melhores do que fomos ontem... Haja sempre vontade de caminhar.
Maiii nada!
Beijo
Shhh,
Vontade de caminhar e terra até mais não, para darmos os nossos passos.
:)
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