Era dia de solidão. De janelas fechadas, trancas à porta. Era dia de silêncio.
Nada poderia ser dito, nada valeria murmurar, nada mudaria o que quer que seja... O mundo tornava-se objecto pesado, que os braços não suportavam, nem pretendiam suportar.
A densidade da vida consumia-lhe o ar, e o fôlego de reagir era inútil, entorpecido, quase extinto.
Tudo era de mais. Tudo esmagava. E aquele, era um desses dias em que a vontade de viver se aninha num canto da alma e reconhecendo o precipício, se mantém estática e congelada à espera do amanhã.
Não havia choros, nem gritos, nem telefonemas. Nem cartas. Não havia colo, nem abraços, nem ladainhas. Não havia palavras.
O desespero não tinha lugar, apenas a impotência.
Este era o dia em que os outros ficavam do outro lado e apenas reinava o vazio.
Era o dia em que se esperava o amanhã, não por ser diferente de ontem, mas por trazer de novo a força.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
vazio não estava, existiam os pensamentos ordenados ou desordenados, pensamentos do que era e do queria que fosse... vazio não estava na certa...
Espero que o dia de hoje tenha amanhecido mais azul e menos cinzento. Força!
Viver em segredo,
Mais uma vez certa. O vazio não era o vazio de não haver nada, mas sim o de o momento se encontrar suspenso.
João,
Está tudo bem. O texto surgiu de estado de espírito meio estranho, mas bastante mais leve do que o que está no texto.
:)
Entretanto o dia (que não foi fácil) já passou e o descanso está quase a chegar.
Obrigada pela preocupação e pela visita.
Enviar um comentário