Sem meias poesias e prosas:
O melhor do dia foi descascar laranjas para 5 cães e vê-los devorá-las num ápice (uns mais rápido e mais abruptamente do que os outros).
E quem diria que os cães gostam de laranjas? que lhes daria tanta alegria comê-las... e a mim tanta leveza vê-los (e sim, perdi a conta das laranjas que apanhei e descasquei).
maio 22, 2008
maio 20, 2008
demasiadas palavras II
Porque o prometido é devido, para a Lis.
Para trás ficou o troco. Ficaram rostos e olhares, estranhos, surpreendidos, de pessoas que não conhecia e que naquele momento o irritavam profundamente. Ainda não se habituara a esta irritação súbita, quase agressiva, que trepava por si, sem razão que a justificasse, toldando-lhe o espírito e mente, negando as suas crenças, a sua educação.
Cerrou os dentes. Apertou o punho. Em simultâneo pensou o bom que seria não haver pessoas à volta. "Não haver pessoas", "não haver palavras", "não te ouvir".
O desassossego desceu mais uma vez aos seus pés.
Nova correria. Ridícula, desajustada. Instabilidade evidente. Gravata oscilando sem destino, casaco sem compostura.
A cada passo, as palavras em torrentes, o reviver daquela conversa, das que lhe antecederam, das que não vieram depois. A angústia da decisão que tomara, a certeza que fora um erro, a consciência que não havia outra opção.
Cruel a forma como a doença se aliava com a dor de forma perfeita.
A dor de deixar em vida os que amava como se tivesse morrido. A inquietude da mente, as confusões ilógicas, intercaladas, com os momentos de clarividência.
"Não te vou fazer passar por isso, não vais ver-me definhar no meu próprio corpo" revivia o pensamento que teve e as palavras que então disse "Não te amo. Encontrei outra pessoa, vou sair de casa hoje".
Passos mais acelerados, o livro torturado pelas mãos. E novamente uma montanha de palavras, todas as palavras que ela disse. Principalmente aquelas que marcadas por uma fragilidade e desilusão ainda hoje lhe rasgavam o coração "Eu amo-te, és parte de mim. Porque é que me estás a fazer isto? porquê?".
Respirou fundo. Sentou-se no banco em frente ao rio. Abriu o livro e enquanto lia, revirava vigorosamente os dedos dos pés contra a sola dos sapatos.
Para trás ficou o troco. Ficaram rostos e olhares, estranhos, surpreendidos, de pessoas que não conhecia e que naquele momento o irritavam profundamente. Ainda não se habituara a esta irritação súbita, quase agressiva, que trepava por si, sem razão que a justificasse, toldando-lhe o espírito e mente, negando as suas crenças, a sua educação.
Cerrou os dentes. Apertou o punho. Em simultâneo pensou o bom que seria não haver pessoas à volta. "Não haver pessoas", "não haver palavras", "não te ouvir".
O desassossego desceu mais uma vez aos seus pés.
Nova correria. Ridícula, desajustada. Instabilidade evidente. Gravata oscilando sem destino, casaco sem compostura.
A cada passo, as palavras em torrentes, o reviver daquela conversa, das que lhe antecederam, das que não vieram depois. A angústia da decisão que tomara, a certeza que fora um erro, a consciência que não havia outra opção.
Cruel a forma como a doença se aliava com a dor de forma perfeita.
A dor de deixar em vida os que amava como se tivesse morrido. A inquietude da mente, as confusões ilógicas, intercaladas, com os momentos de clarividência.
"Não te vou fazer passar por isso, não vais ver-me definhar no meu próprio corpo" revivia o pensamento que teve e as palavras que então disse "Não te amo. Encontrei outra pessoa, vou sair de casa hoje".
Passos mais acelerados, o livro torturado pelas mãos. E novamente uma montanha de palavras, todas as palavras que ela disse. Principalmente aquelas que marcadas por uma fragilidade e desilusão ainda hoje lhe rasgavam o coração "Eu amo-te, és parte de mim. Porque é que me estás a fazer isto? porquê?".
Respirou fundo. Sentou-se no banco em frente ao rio. Abriu o livro e enquanto lia, revirava vigorosamente os dedos dos pés contra a sola dos sapatos.
Baú
É um baú. Velho. Sem nada lá dentro, nem ligações à família.
Repousa no meio da minha sala. À espera. À espera de mim.
Pegar nele, restituir-lhe simplicidade e beleza, pode ser um reencontro.
Uma oportunidade de ser indiferente ao tempo a passar; de concentrar olhos, mente, alma numa coisa simples e apaziguadora.
Pegar nele pode ser o começo.
Repousa no meio da minha sala. À espera. À espera de mim.
Pegar nele, restituir-lhe simplicidade e beleza, pode ser um reencontro.
Uma oportunidade de ser indiferente ao tempo a passar; de concentrar olhos, mente, alma numa coisa simples e apaziguadora.
Pegar nele pode ser o começo.
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