abril 28, 2012
É esta coisa de voltar sempre ao mesmo sítio que me chateia disse ela entre dois goles de café instantâneo a fumegar numa chávena azul petróleo. Esticou uma das pernas no sofá e acomodou-se ligeiramente. Mais um gole de café. Olhei para ela e apercebi-me que trazia mais rugas na alma que na cara. De certa forma sentia-me próximo dela, muito próximo. Também esta sensação de regressar ao mesmo estado de espírito, à casa de partida me era familiar e cansativa: diferentes contornos, a mesma merda! Sempre gostei da nossa forma desprendida de nos darmos: às vezes falamos, damos nome às coisas, partilhamos em detalhe. Outras partilhamos em silêncio, cada um com a sua página de livro, usufruímos em conjunto de uma paisagem, de um pormenor, de um passeio. Hoje era um misto; primeiro o desabafo e a constatação que nada havia a fazer (a não ser anos de uma possível terapia, sem resultados garantidos), depois um ameno convívio de amigos feito de pequenos nadas com goles de café à mistura e duas chávenas azul petróleo.
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