fevereiro 02, 2009

não dizeres nada

Será pedir demais? Que o silêncio ganhe espaço, que entre ti e mim não haja palavras. Não hoje. Não amanhã. Não depois de amanhã. Quero respirar, percebes? Deixar a alma alongar com os músculos. Ouvir os meus pensamentos. Deixar-te do lado de lá por momentos. Limitar o que somos agora.

Não digas nada. Não quero ouvir. A tua voz inquieta-me o coração, faz nascer uma persistente irritação. Descontrola-me.

Preciso de espaço. Preciso de tempo comigo. De tempo para mim.
Para o raio que parta os teus horários, os teus quereres, as tuas dúvidas. Para o inferno o que tu achas que eu acho, que eu sinto.

Deixa-me estar. Recuperar. Deixa-me refazer-me.
Eu quero silêncio. E se não me deres, vou gritar, como se não houvesse amanhã, como se me estivesses a matar, como se tudo fosse demais.

Estou por um fio. No limite da impaciência saudável.
Será que não percebes? Que se continuares a puxar, algo vai partir.
Nós, eu...

Será tão difícil não dizeres nada?